top of page

Ideias



Desde criança, sempre tive vontade de fazer algo com as mãos, sempre em meio aos fios e tecidos da minha mãe e sempre, mas sempre com muitas ideias.

Consigo lembrar de quando tinha 5, 6 anos de idade. Abria a porta do gabinete da máquina de costura da minha mãe e ali, passava muito tempo olhando botões, zíperes, cadernos de costura, um universo mágico. Amava!





O tempo passa, vamos para a escola. Pensei em ser arqueóloga, ilustradora, veterinária em algum breve momento. Em casa, sempre participei dos partos das nossas gatas até que eu mesma, comecei a ajudar nos partos também, até pouco tempo achei isso era normal.



Minha avó, fez parto de gente, cachorras, gatas e até operou uma galinha! Claro que as galinhas que ela tinha eram de estimação, se quisesse comer seria comprada já preparada no mercado.



Falo isso porque por algum motivo nunca pensei com seriedade em seguir outra profissão como a de veterinária. Hoje em dia tenho gatos e uma cachorrinha e sempre apliquei soro, dei remédios e acompanhei cirurgias com naturalidade e na minha família, todos tem paixão por animais, estranho não ter seguido esse caminho.



Mas também sempre estive com canetinhas, lápis de cor e tintas. Lembro muito das caixinhas da Sylvapen! Como adorava ter essas canetinhas e nem sei se usava, pois tinha medo que acabassem logo!



Fiz vários cursos de desenho mas sem pensar que poderia usar no futuro como trabalho, apenas fazia até fazer faculdade de moda e me interessar demais por computação gráfica.


Não decidi uma profissão desde cedo e por um bom tempo, isso me incomodava. Via pessoas dizerem que sempre gostaram de algo e depois isso acabava como sua profissão.

Eu fui fazendo cursos diversos, lendo sobre arqueologia e mistérios do nosso mundo.

Trabalhei como estilista um tempão e fui professora de computação gráfica, coleção, varejo, visual merchandising, desenho e tudo que os coordenadores das escolas onde lecionei pediam. A cada disciplina, estudava o assunto e encontrava soluções criativas para que os alunos se interessassem pelas aulas.


Fiz parte de fã clubes de ficção cientifica e sem querer, sempre me relacionando com pessoas muito inteligentes, essas com QI bem alto. Adorava as palestras sobre física quântica e também, interesse em universos paralelos.



Fui seguindo meu caminho sem ver adiante onde chegaria. Falo tudo isso pois hoje, me sinto no lugar certo. Tudo que estudei (e estudo) faz meu trabalho ser intenso e criativo.



Ps.: uma vez em um desfile de moda no SENAI, me senti tão fora do lugar! Olhei ao redor e perguntei, o que estou fazendo aqui? Horrível!


Parece que todo meu passado foi construído para que hoje usasse o que vivenciei em minha infância no meu trabalho e para mim é um oceano azul, citando o livro de



Digo isso pois ouço com frequência artesãos dizerem que estão sem ideias e acabam repetindo projetos ou copiando receitas. É errado?

Minha concorrência sou eu mesma.

Quando meus clientes pedem um projeto minha cabeça funciona sozinha. A ideia aparece e logo começo a pensar como será construída.

Anoto constantemente em meus cadernos todas as ideias que surgem, comecei a fazer isso na faculdade, tinha medo de esquecê-las e ficar sem ideias até que meu marido me disse, que a criatividade nunca acaba.


Sou muito disciplinada e concentrada nos projetos, eles me acompanham desde criança. A porta do gabinete da máquina de costura da minha mãe, deve ter sido a porta de algum universo paralelo que se comunica comigo até hoje!


Como uma pessoa pode ter habilidades artísticas e ser excelente em física?

Na verdade é tudo uma coisa só! Interesse profundo e verdadeiro pelo conhecimento!

Passava horas assistindo com meu pai Carl Sagan, lia National Geographic e acompanhava todas as novidades tecnológicas (ainda acompanho).



Sabe não ter mais aquela história de que estudar é bobagem? De que ser CDF era algo ruim em meio aos amigos? A própria palavra CDF não é bacana e hoje me orgulho muito de ser estudiosa e chamada de Nerd.



Pense nisso, quando diz que não consegue ter ideias!

Ter ideia é repertório, estudo, pesquisas...

Não adianta achar que uma ideia (de verdade) aparecerá em sua frente sem ter trabalhado para isso.



Se me conhece, já deve ter visto que todos meus projetos partem de um tema e um deles é Terras Distantes. Depois de ter lido este texto, fica bem claro de onde veio essa coleção.



E o que mais me intriga é a falta de vontade das pessoas em aprender a ter ideias e preferem sofrer com a falta delas.



Insisto nisso desde que comecei no artesanato como profissão. Quase todos com quem converso sobre o assunto, dizem não terem tempo, mas como trabalham então? De forma automática só para entregarem o trabalho?

Onde fica a paixão? A vontade em querer começar um novo projeto e ser alguém que se destaque na multidão?


Meu marido diz que existe um mito, que nascemos com uma tendência e que isso não pode ser modificado. Será mesmo?



Será que não é possível aprender a ter ideias? Eu garanto que sim, pois ensinei muitos alunos a terem ideias por um bom tempo e dá certo!

Na verdade a luta é contra a preguiça ou falta de acreditar em si mesmo e nos estudiosos sobre o assunto.


Seguindo apenas meu instinto...sempre.

bottom of page